Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1799, n.º 10.

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Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1799, n.º 10.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0008

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1799, n.º 10.

Datas de produção

1799-01-01  a  1800 

Dimensão e suporte

1 liv. (8 f.: 7 f. ms. não num. + 1 f. branco não num., 347 x 220 x 2 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1799, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando diversas situações clínicas e uma delas é a de Joaquina Rosa, 18 anos, de idade, moradora, no Pragal, débil e magra, teria adoecido, no dia anterior à observação médica (dia 24 de janeiro), tendo sido vista pelo cirurgião, que a mandou sangrar no pé.Um mês antes, a doente teve alguns acréscimos de febre, que curou com um emético e um purgante. A seguir, ficou bem, apesar de lhe faltar, no mês anterior, o fluxo mensal. Na primeira vez, em que o médico a viu, queixava-se de dor de cabeça que, não teria diminuído com a sangria. Tinha uma grande prostração de forças e o abatimento muito considerável. O pulso estava pequeno, fraco e irregular, a língua estava coberta de uma crosta amarela, muito espessa e, por informação dos assistentes, soube, que, na madrugada tinha sangrado grande porção de sangue, querendo examinar com mais pormenor. Afinal, percebeu que, pela cor, teria havido engano; teria sido o vómito bílis muito corado e não sangue. Isto combinou com os sintomas precedentes, pensando que a dor de cabeça era simpática e produzida pela comunicação do oitavo par de nervos com os ramos do nervo auditivo e, por isso, podia classificar esta moléstia por uma cefalgia biliosa. Atendendo ao grande abatimento em que se encontrava a doente, mandou que lhe pusessem dois cáusticos nas pernas e passadas duas horas, deveria tomar um seropulo de epicacuanha, em doses de seis grãos, até vomitar. À segunda porção que tomou, vomitou muita bílis amarela e verde.No dia 27 estava um pouco melhor: pulso um pouco erigido, a dor de cabeça diminuiu e o abatimento não era tão grande; porém, a crosta da língua estava quase a mesma. Os vesicatórios tinham levantado grandes flitenas (conceitos: bolha na pele que contém um líquido, geralmente causada por queimadura ou pústula contendo linfa ou líquido seroso).No dia seguinte, tomou o resto da epicacuanha pois pensou ser suficiente, dado que, no dia anterior, a natureza não estava disposta, e teria bastado igual porção. Porém, não foi preciso mais que a primeira dose de seis grãos, para vomitar muita bílis e de qualidade igual, ou ainda pior, que a do dia antecedente; com este segundo vomitório teve melhoras muito vantajosas, pelo que suspendeu a supuração dos vesicatórios e no dia 30 tomou um catártico. Obrou bastante e com facilidade e no dia 4 de fevereiro repetiu outro emético, com o qual lançou muita bílis; porém, já de boa qualidade. A doente ficou de dieta por mais alguns dias e teve o seu restabelecimento em muito pouco tempo. [Im. 3020_0005, 3020_0006 e 3020_0007]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75106http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75108http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75110A 27 de maio foi à Sobreda, ver um homem chamado José António, 50 anos, de idade, de vida saboriosa (conceito: semelhante a laborioso, que labora, diligente, ativo), que tinha icterícia. Este doente, meses antes, teve uma febre aguda […] que degenerou em febre intermitente irregular, tendo sido acompanhada de icterícia, de elevação, na região hepática e dureza, que bem denotava obstrução no fígado. De forma a curar esta moléstia, o doente utilizou (sem resultados): os cozimentos de plantas saponáceas, os sucos das ervas, águas minerais, eméticos, unguentos desobstruentes, porque a obstrução aumentava, dia pós dia, e o doente estava em tal estado, que o volume do fígado o perturbava de ter a respiração perfeita, e de poder dormir horizontalmente. Sendo a falta de repouso, grande causa de prostração de forças e vendo que os narcóticos não eram contraindicados, prescreveu, para tomar à noite, uma onça de xarope de diacódio (conceito: xarope preparado a partir de extrato de ópio). Dormiu alguma coisa; no dia seguinte teve a excreção renal mais abundante e mais corada.Mandou que fizesse uso diário da infusão das cabeças das dormideiras (conceito: planta herbácea, lactescente, da família das Papaveráceas, espontânea em Portugal, tem folhas denteadas, flores grandes de coloração variada e frutos capsulares de que se extrai o ópio) e que adoçasse com meia onça do mesmo xarope. Utilizou durante dois dias, no fim dos quais, receitou um emético catártico […]. Com o emético catártico, teve grande evacuação de bílis negra e inferiormente não foi menor. Continuou no uso dos narcóticos, como antes, e principiou a diminuir a cor do doente, e o volume do fígado, as fezes a serem mais amarelas, pois eram negras, e a urina que era branca, a fazer-se mais corada. Como a natureza abraçou estes remédios, continuou no mesmo uso, pelo espaço de 20 dias, intercalando somente dois catárticos brandos, com os quais, conseguiu o perfeito restabelecimento do doente. [Im. 3020_0008 e 3020_0009]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75111http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75113A 27 de setembro, foi chamado à Trafaria, para ver Joaquina Inácia, 17 anos, de idade, temperamento fleumático, vida pouco exercitada, magra, muito débil, havia alguns meses que não era embaraçada, o pulso era frequente, mas pouco e pequeno, a língua natural, o estômago e o ventre elevados, com dores por todo o corpo, principalmente, no estômago, dificuldade em obrar. Tratou-a como tendo uma febre alta ou dismenorreica, lembrando-se de curar a doente por desembaraçar as primeiras vias e inferiormente. A doente tomou 3 onças de infusão, de sene tartarizada (conceito: designação comum, extensiva a diversas plantas, de diversas famílias (sobretudo das Leguminosas), cujas folhas e/ou os frutos são usados para fins medicinais pelos seus efeitos purgativos), evacuou alguma coisa, mas pouco…o médico mandou fazer um cozimento de marroios, poejos e artemísia ou infusão, juntando-lhe a dedaleira, em pequenas quantidades. Contudo, não melhorou. Por isso, mudou os remédios: uso de pílulas feitas de extrato de marroios, aloés, ferro e arnica. Durante 4 dias, tomou este remédio mas não passou melhor. Lembrou-se que o sangue podia deixar de sair, ou por falta de abundância e força, ou por grande resistência, que se encontre nas bocas dos vasos uterinos e próximos. Daí que lhe receitou remédios opostos. Convencido que os remédios receitados eram suficientes, para provocarem alguma mudança e o facto de não terem feito algum efeito, mandou que a doente usasse clisteres de cozimento de plantas emolientes; fizesse um cozimento das mesmas plantas e que tomasse banho nele, cobrisse a região renal e para beber somente uma limonada nítrica, para diminuir o excitamento, causa da toma dos primeiros remédios. Usou este método durante 6 dias, próximo tempo em que costumava ser menstruada e ao sexto dia teve a demonstração de sangue. […]. Repetiu o referido método mais 3 meses, e foi quanto bastou, para ter boa cor e saúde perfeita.[Im. 3020_0012, 3020_0013 e 3020_0014]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75118http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75119http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75121Finaliza, realizando uma tabela, na qual observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1799. [Im. 3020_0015 e 3020_0016]Disponível em:<http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75123><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75124>Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3020.

Idioma e escrita

Português.