Observações médicas, do ano de 1798, n.º 9.

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Observações médicas, do ano de 1798, n.º 9.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0007

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas, do ano de 1798, n.º 9.

Datas de produção

1798-01-01  a  1799 

Dimensão e suporte

1 liv. (15 f.: 13 f. ms. não num. + 2 f. branco não num., 340 x 220 x 3 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1798, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, dizendo que, o diário de 1798 não é possível completar-se, em virtude da razão exposta no antecedente, isto é, o médico adoeceu e enquanto estava doente, os seus apontamentos relativos ao diário daquele ano, muitos deles perderam-se…por esta razão, somente irá descrever as moléstias a partir de maio, altura em que se restabeleceu da sua doença.Durante os meses de maio, junho, julho e agosto, em Almada e arredores, apareceram febres biliosas e gástricas. Menciona alguns sintomas relacionados com a causa nervosa, embora não muito frequente, acrescentando que, ao serem tratados por cirurgiões, com poucos conhecimentos, não conseguindo diagnosticarem a doença, esta seria tratada como moléstia de pouca importância, pois não lhe viam grande aparato. Quando o doente sucumbia repentinamente, os remédios não faziam efeito, pelo motivo de desordem em que estava a natureza. Desta forma, faleceram dois: o filho de António Francisco, assistente, na Calçada de Cacilhas, que, quando o foi ver já estava no nono dia de moléstia; e um barqueiro de Cacilhas que morava nas Serras, chamado Francisco.Em julho e agosto surgiram febres inflamatórias, porém, nenhuma foi funesta. [Im. 3019_0007 e 3019_0008]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74940http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74942No dia 15 de maio, foi chamado, para assistir uma doente chamada Ana Maria Agostinha, 67 anos, de idade, temperamento fleumático, muito gorda, tendo adoecido há 9 dias, com dor de cabeça, febre, mau gosto na boca, língua saburrosa e vontade de vomitar. Foi tratada por um cirurgião com remédios próprios, como: vomitórios, diluentes e ácidos.No dia em que visitou a doente, no nono dia da doença, a enferma encontrava-se com a face vermelha, a língua saburrosa e já com tendência a ficar negra, muito seca, grande secura, o pulso frequente com 112 pulsações, em um minuto. Estes sintomas ainda estavam no início, que foram transmitidos pelo cirurgião, fizeram com que o médico decidisse que tinha sido uma febre biliosa, com tendência a passar a um synocho podre, pelo que, não deixando a indicação de diluir e evacuar, optou mais por erigir forças, que já estavam em forma de abatimento e opôs-se à decisão de degeneração, que estava presente. Prescreveu um cozimento de grama, azedas, em polpa de samarindos, com um sal neutro e adoçado com casca de laranja, como diluente evacuante e antipútrido, para além deste, um cozimento chicoreáceo, com quina e qualia, como tónico e antipútrido.Tomou os remédios até ao décimo primeiro dia da doença, e por causa da natureza estar a declinar e, tendo em conta, a face que, em vez de estar rubra, estava lívida; além do pulso frequente e muito mais mole, não querendo jazer, senão de costas e a língua algo mais negra. Os sintomas mostravam a decadência das forças naturais e o auge do morbo. Receitou um cozimento de quina com porto, mandando vir tintura de quina composta, de forma a vigorar o cozimento, no caso de aumentar ou continuar o abatimento. No dia décimo segundo da moléstia sobreveio o delírio, e o pulso intercadente; usou-se dos cáusticos volantes pelo corpo e fixo na nuca, da tintura de quina […], clisteres de infusão de macela e vinagre, outros com electuário lenitivo. Os remédios foram dados até ao dia décimo quarto da moléstia, em que se fez a crise por um suor copioso, a que se seguiu uma pequena soltura de ventre; no dia décimo quinto repetiu os mesmos remédios, porém, em menor dose, porque o delírio estava quase desvanecido, o pulso já não estava intercadente e principiava a eliminar-se o morbo, pela anacataros [?], juntamente com a diarreia.Passados dois dias, nos quais a moléstia tinha feito uma grande diferença, mudou novamente, para o cozimento chicoreáceo, com quina, afim de não desamparar a natureza repentinamente, nem de perturbar o caminho que ela tinha tomado. Gradualmente, todos os sintomas foram desvanecendo, e ao décimo nono dia, a convalescente restabeleceu-se em breves dias. [Im. 3019_0009, 3019_0010, 3019_0011 e 3019_0012]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74943http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74945http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74946http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74948No início de setembro tratou de [?], que tem tenda defronte da cadeia, por causa de uma febre inflamatória. Quando foi chamado, o doente tinha o pulso frequente, duro e pungente, a cara muito vermelha, uma grande secura na boca, dor de garganta, a ponto de lhe dificultar a deglutição. O doente dizia que tinha sido por estar perto de um grande fogão, durante 3 dias, de noite e dia, com o agravamento do tempo estar bastante seco e quente. Mandou-o sangrar no pé e no braço […]. No fim de 4 dias tomou um purgante laxante e todos os dias, à noite, tomava um banho em todo o corpo, para laxar a pele, que estava muito árida, e para absorver os líquidos que lhe fossem necessários. Ao fim de 11 dias teve um perfeito restabelecimento.[Im. 3019_0022 e 3019_0023]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74964http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74965No dia 2 de novembro assistiu um doente, barqueiro, que morava nas Terras, próximo de Cacilhas. Sofria de uma moléstia análoga, a qual acabou por tratar; porém, receitando-lhe os remédios próprios, no entanto, durante 2 dias não os tomou, por conselho de outro professor. Em consequência disso, quando o quiseram acudir, foi tarde, dado que morreu ao nono dia de moléstia.No dia 10 de dezembro foi ver Francisco Palhaço, barqueiro de Cacilhas, 35 anos, de idade, teve um pleuriz catarroso, porém, tratado com remédios caseiros, tinha passado o estado inflamatório, e estava sem forças para expelir a matéria catarrosa e, por isso, ia declinando a passos largos. Receitou um cozimento peitoral, para tomar três onças, com uma oitava de oximel (conceito: mistura de água, mel e vinagre) saliclico de 2 em 2 horas. A seguir iniciou a expetorar, e prescreveu um evacuante inferior, cujo remédio provocou a pressão da respiração, continuou com os expetorantes e em breves dias se restabeleceu.[Im. 3019_0027 e 3019_0028]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74972http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74973Finaliza, realizando uma tabela, na qual observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, média e menores, juntamente com o vento e a chuva, entre os meses de maio a dezembro de 1798. [Im. 3019_0029]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74975Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3019.

Idioma e escrita

Português.