Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1803, n.º 14.

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Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1803, n.º 14.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0012

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1803, n.º 14.

Datas de produção

1803-01-01  a  1804 

Dimensão e suporte

1 liv. (8 f.: 8 f. ms. não num., 344 x 224 x 2 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1803, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: Francisco José, 50 anos, de idade, robusto, vida exercitada e muito regular, nos seus costumes. Estando a sofrer por retenção de urina, por ter estado num jantar político, e após o mesmo, não se levantou, para urinar, e terminando o jantar, foi passear, à noite, de cavalo. Nesse mesmo dia, teve uma crise de estrangúria (conceito: desejo frequente de urinar, acompanhado de dificuldade, na expulsão da urina e de dores violentas) tão forte, dado que a extensão da bexiga foi muito rápida, que o obrigou a chamar o cirurgião, e este vendo o estado de dilatação da bexiga, as dores e as aflições do doente, meteu-lhe a algália. Saiu grande porção de urina e o doente ficou mais consolado; porém, durou pouco tempo, porque, pouco depois, tornou a sentir os mesmos incómodos, em virtude de novo depósito de urina. Pela segunda vez, o cirurgião foi chamado e novamente introduziu a algália, e desde aquele dia não tornou a urinar, sem este auxílio. Passados 45 dias, a urina saia ainda com grande dificuldade, e em muito pequenas quantidades, que, com bastante incómodo se dispensava a introdução da algália. Durante este período de tempo, foi tratado por um Professor bastante hábil, que não se esqueceu de nada, de forma a evitar as funestas consequências de uma inflamação, que seria muito natural. O tratamento usado: banhos, emulsões, fomentações e dietas. Apesar do tratamento ser considerado metódico, não suavizou nada; muito, pelo contrário, os incómodos continuaram e a urina depositava-se em qualquer vaso e não tardava em depositar uma grande porção de matéria mucosa e puriforme […].O médico conclui que aquele depósito não era somente composto dos princípios que a urina tem em dissolução, e deixa precipitar pelo esfriamento, mas que era devido, pela maior parte, à congestão, que se havia feito, nas membranas da bexiga, e assim também, nas vesículas seminais, e tecido esponjoso, que cobre o bulbo (conceito: órgão ou porção de órgão de forma arredondada ou globosa) da uretra.[...] determinou mudar de sistema em relação ao médico antecessor, que tinha abraçado. Deste modo, tendo em conta que, durante o espaço de 2 meses e meio de uso, o doente não conseguiu nenhum alívio, porque quando o Dr. José Joaquim Alvares visitou o doente, encontrava-se em mau estado. Compreendeu que não necessitava de usar ajuda, para a introdução da algália; todos os dias a colocava duas vezes, e alguns dias, três vezes, apesar da urina que corria espontaneamente. O depósito tomava cada vez mais o carácter puriforme. As forças estavam muito perdidas, as pernas inchadas, a pele sem cor, perdeu o apetite e o pulso muito fraco. A junção destes sintomas caraterizavam uma espécie de coligação caquética (conceito: senil) e permitiam a possibilidade de existência de alguma chaga irremediável. Contudo, algumas esperanças animaram o médico, de forma a tomar conta do doente, porque a febre […] não estava confirmada e a debilidade observada era, em parte, devida ao abatimento do doente, e a outra parte, não menor, ao continuado uso de laxantes, que, no início da moléstia tinha sido receitado, além da estação ser imprópria, e a melancolia profunda em que o doente se encontrava.Iniciou o seu método curativo, por este capítulo de melancolia, animando-o com expressões que se coadunavam, com os seus desejos, e tendo em conta, o estado do doente. Receitou um seropulo de ipecacuanha, dividido em 4 papeis, para tomar um papel, em cada dia, pela manhã, não tanto, como emético, porque a dose não era suficiente, mas sim, para dar um choque às vísceras abdominais. As esperanças do médico foram atendidas, e ao segundo dia que tomou a ipecacuanha, o pulso desenvolveu-se, e ao quarto dia, a diferença era sensível. Com isto, o doente animou-se, deixando para trás a profunda melancolia em que se encontrava.Mais tarde, mandou fazer de uma onça de quina e três oitavas de quana [?], um cozimento, para duas libras, e adoçar com xarope de casca de laranja, e tomar deste, três vezes ao dia, a primeira, às sete horas, a segunda, às 11 horas da manhã, e a terceira, às cinco horas da tarde. A utilização do remédio teve tanto sucesso que, no fim de 8 dias de uso do mesmo, já o pulso estava muito erigido, a cor natural, as pernas deixaram de inchar, o depósito era menos de metade, e já não necessitava da algália. A urina saía com projeção e o apetite era muito maior.Continuou com o mesmo remédio e os progressos nas melhoras foram mais rápidos, que o médico e os assistentes esperavam, porque ao fim de 45 dias de tratamento, deixou de visitar o doente, por este estar convalescendo, e não precisar de socorros da Medicina.[Im. 3024_0003, 3024_0005, 3024_0006, 3024_0007, 3024_0008, 3024_0009 e 3024_0010]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75275http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75277http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75278http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75279http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75280http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75281<http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75282O médico afirma que, em 1803, durante os meses de maio até setembro, em determinados lugares da vila, nomeadamente, Costa de Caparica, Trafaria, Morfacém e arredores, houve uma grande epidemia de febres intermitentes. Adianta que as mesmas foram numerosas, que foi necessário prescrever remédios e dietas, todas à custa da renda pública. Observou que, durante o aparecimento deste tipo de febres, não havia águas encharcadas, a atmosfera era saudável e os alimentos consumidos pelos habitantes eram bons, acrescentando que todos foram tratados pelo método de evacuações superiores e inferiores, uma ou mais vezes, de acordo com a indicação dada […].[Im. 3024_0013, 3024_0014 e 3024_0015]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75285http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75286http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75287Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1803.[Im. 3024_0019]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75291Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3024.

Idioma e escrita

Português.

Tipo u.i.