Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1802, n.º 13.

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Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1802, n.º 13.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0011

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1802, n.º 13.

Datas de produção

1802-01-01  a  1803 

Dimensão e suporte

1 liv. (8 f.: 8 f. ms. não num., 342 x 220 x 3 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1802, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando diversas situações clínicas, entre as quais, a de: pai de José António, morador, na Trafaria. O senhor estava doente havia 3 meses, 59 anos, de idade, acamado, sem se poder mexer, há mais de 2 meses […]. No início da doença, fez uso de banhos aromáticos, por conselho de um particular, mas ficou pior. Querendo saber a causa desta paralisia, o médico procurou aconselhar-se, junto de vários autores, nomeadamente, sobre os especialistas em espinha vertebral; queria determinar se o defeito ou causa tinha origem em alguma vértebra. Contudo, não conseguiu encontrar nenhuma deformidade ou sensibilidade extraordinária. O doente alegava que esta moléstia teria principiado, por um frio excessivo, que o tinha tolhido, e que, pouco a pouco, tinha perdido o movimento da cintura para baixo. Mandou que fizesse fomentações de tintura de cantáridas, por todos os membros paralíticos, e que pusesse um vesicatório, que cobrisse as últimas vértebras lombares, e se estendesse sobre o osso sacro […]. A supuração (conceito: produção ou corrimento de pus) foi muito breve, porque ao terceiro dia a cicatriz estava seca […]. A seguir, mandou que pulverizasse o unguento com as cantáridas em pó.No dia da terceira visita, o doente reclamou contra a aplicação do segundo vesicatório, dizendo, que antes preferia ficar paralítico por toda a vida, que continuar, com o uso de tal emplastro. O pouco tempo, que o referido emplastro esteve, foi suficiente, para novamente se restabelecer alguma supuração, que durou 3 dias. O doente ficou escandalizado com o remédio e despediu o médico. Porém, passados 10 dias, voltou a chamá-lo, dado que se encontrava muito melhor, por causa do uso dos vesicatórios, que tanto tinha detestado e, por isso, queria que o acabasse de curar. Mandou novamente pôr-lhe outro vesicatório, no mesmo lugar. Entretanto, o tratamento durou vinte e tantos dias, em cujo tempo desenvolveram-se os movimentos; por sorte, só com o uso de vesicatórios e alguns purgantes salinos, recuperou os seus movimentos e, com o tempo, fortificaram-se.[Im. 3023_0003, 3023_0005, 3023_0006 e 3023_0007]Disponível em:<http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75255><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75257><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75258><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75259>No dia 20 de julho, foi chamado para ver Maria da Conceição, 45 (?) anos, de idade, moradora, em Caparica, gozando de perfeita saúde, e sendo uma pessoa robusta, foi “atacada” por uma febre intermitente. Anteriormente, o cirurgião já tinha sido chamado para a assistir, e receitou-lhe um catártico que diminuiu a violência dos acessos subsequentes. Passados alguns dias piorou, pois teve evacuações excessivas que, em poucas horas, puseram a doente em grande perigo.Após aquele tempo, o médico foi chamado, e a doente estava de cama, depois de ter tomado, no dia anterior (19 de julho) um purgante. Tinha uma cor amarela que mais parecia infiltração, que icterícia, não só na cara, como, em todo o corpo. O aspeto não parecia a bílis. O pulso era lento, as turinas raras, as dejeções involuntárias, não falava, sem grande dificuldade, a respiração fraca e entrecortada de suspiros profundos, de vez em quando, alguns soluços. A região gástrica, principalmente, o epicôndilo direito, parecia ter perdido a sua elasticidade e, reparou que o braço e mão do mesmo lado estavam como [?].Na sequência de informação do cirurgião (quis perceber, não fosse provocado por algum engano na receita), asseguraram-no que a causa teria sido o purgante, feito de folhas de sene, ruibarbo, Maná, sal de Glauber e isto, em doses ordinárias […]. Devido aos sintomas, a doente sofria de uma atonia do fígado […].De acordo com estes pontos de vista, a indicação mais urgente era reanimar a ação dos órgãos. Assim, prescreveu uma forte decocção de quina em bom vinho, para lhe dar às colheres, misturada com cânfora, clisteres de infusão de cabeças de Marcela e meliloto (conceito: planta herbácea, da família das Leguminosas, aromática, tem caule ereto, folhas oblongas, com as margens denteadas e pequenas flores amarelas dispostas em cimeiras axilares, sendo cultivada, pelas suas propriedades medicinais e para uso em perfumaria; trevo-de-cheiro), além de, fomentações na região torácica com cânfora, óleo de marcela e vesicatórios sobre as pernas.Os efeitos destes diferentes remédios foram tão felizes que, ao terceiro dia da sua aplicação, apenas existiam algumas nódoas amarelas. O olhar era mais animado, o pulso mais forte e mais igual, a respiração natural e o soluço tinha desaparecido.O restante tratamento foi a continuação do uso da infusão de quina em vinho, como brando tónico e, em breves dias, a doente restabeleceu-se.[Im. 3023_0011, 3023_0012, 3023_0013 e 3023_0014]Disponível em:<http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75263><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75264><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75265><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75266>No dia 17 de setembro, foi chamado, para ver Francisco José, 18 anos, de idade, morador, em Cacilhas. Ofício: marítimo. Adoeceu com frio e febre. Tinha a face vermelha e os olhos estavam também vermelhos, o pulso muito frequente, a língua muito saburrosa, o ventre constrito e falta de evacuações. Receitou-lhe a saturação do Alcali (conceito: em QUÍMICA: Hidróxido solúvel em água), com sumo de limão, a que juntou três grãos de tártaro emético, para duas libras de água. Com este remédio, vomitou […]. Como percebeu, que se tratava de uma febre biliosa, continuou o tratamento, por meio de delecentes (?) e leves evacuantes. A febre não subiu, porém, também, não diminuiu. A língua passou a estar mais amarela e o doente foi diminuindo as suas forças. Passou a dar-lhe cozimento de chicoriácea, com meia onça de quina, para duas libras de cozimento.Esperava alguma mudança: o doente abateu as suas forças e, por isso, receitou o cozimento de quina composto, clisteres de infusão de Marcela, sinapismos (conceito: cataplasma feito à base de mostarda, que se aplica sobre a pele, e que é usado, sobretudo, para aliviar ou combater afeções pulmonares, devido aos seus efeitos relaxantes e anti-inflamatórios) e, ao nono dia, mandou pôr vesicatórios. Com estes remédios, o doente passou a estar prostrado […]. Ao fim de 14 dias, o delírio, a surdez e a língua negra desapareceram e começou a dar sinais de crise perfeita: sobreveio a soltura de ventre e com diminuição dos remédios, o doente melhorou, tendo se restabelecido, no dia 23, dia em que o mandou levantar-se.[Im. 3023_0014, 3023_0015 e 3023_0016]Disponível em:<http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75266><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75267><http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75268>Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1802.[Im. 3023_0017]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75269Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3023.

Idioma e escrita

Português.