Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1804, n.º 15.

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Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1804, n.º 15.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0013

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1804, n.º 15.

Datas de produção

1804-01-01  a  1805 

Dimensão e suporte

1 liv. (10 f.: 10 f. ms. não num., 348 x 225 x 2 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1804, o médico Dr. José Joaquim Alvares, afirma que, durante os meses de janeiro a março, as doenças que proliferaram foram: pleurises, isto é, pleurisia (conceito: inflamação da pleura), catarros e febres biliosas. Destas, irá descrever algumas, dado que as outras, por serem tão triviais, não merecem a descrição.Neste sentido, relata algumas situações clínicas, destacando-se, a de: Maria Teresa, 40 anos, de idade, solteira. Visitou-a, no dia 10 de janeiro. Teria adoecido havia 6 dias, com febre, dor sobre o lado esquerdo, tosse e fastio, tremor de frio, dor de cabeça e, pouco depois, sentira uma pontada, no lado mencionado; a seguir a ter frio, teve febre alta, e esta continuou, até ao dia em que a observou, e isto apesar de ter tomado, no mesmo dia (dia 4), à noite, infusão de flor de sabugo. No dia 5, chamou o cirurgião, que lhe receitou cozimento temperante (conceito: em medicina, dizia-se de um medicamento com propriedades lenitivas ou calmantes) de Palatio (?), que tomou, até ao dia em que o médico Dr. José Joaquim Alvares a assistiu. Neste dia, a doente não conseguia dormir, sobre o lado esquerdo. Queixava-se de tosse, expetoração, pulso frequente de 120 a 125 pulsações, pequeno e duro, a língua árida, com crosta biliosa e pelo meio, muito vermelha. Receitou um evacuante inferior de infusão de sene tartarizada, pelo motivo de há 3 dias, não evacuar, além de um cozimento de espécies peitorais, que tomou de 4, em 4 horas. Durante a toma deste remédio, teve evacuações suficientes e passou melhor da ansiedade. No dia 11, mandou que lhe pusessem um vesicatório sobre a dor e tomasse xarope de [?] e de diacódio (conceito: xarope preparado a partir de xarope de ópio), a que juntou algum quermes (conceito: em zoologia, designação comum, extensiva aos insetos hemípteros do género Kermes, que parasitam carvalhos e outras árvores e que inclui espécies cujas fêmeas, de corpo avermelhado e esférico, eram usadas para obtenção de uma substância corante de tonalidade avermelhada; substância corante obtida a partir desses insetos). No dia 12, o pulso estava igualmente frequente, porém, mais desembaraçado e menos duro. Continuou a utilizar o cozimento peitoral, a que juntou algum oximel selítico, para promover a expetoração. No dia 14 e décimo da doença, a doente iniciou a diminuição de forças e a expetoração, a não ser tão abundante, o pulso a diminuir de frequência, a língua seca, temendo a degeneração e a falta de forças naturais. A seguir, prescreveu um cozimento de espécies peitorais, a que juntou meia onça de quina, para duas libras, e uma onça de oximel selítico, juntando também uma onça de tintura de ruibarbo, de forma a promover a evacuação inferior, no caso de supressão da expetoração. No dia décimo terceiro da moléstia, a doente teve melhoras, porque estava a respirar, com menos dificuldade, a expetoração diminuiu, o pulso menos frequente e mais regular e forte, a língua com cor natural, e as evacuações seguiram a ordem habitual. No dia décimo quinto, houve diminuição de quantidade de remédio e qualidade por suprimir, no que diz respeito à fórmula de oximel e à tintura de ruibarbo. Tomou este remédio, até ao dia vigésimo, momento em que se encontrou convalescente. Esta doente foi diagnosticada com pleuris biliosa.No dia 20 de março, foi chamado, para tratar de José Francisco, em Caparica. Sofria de uma vómica (conceito: expetoração súbita e muito fétida correspondente a um abcesso pulmonar) - doença considerada das menos vulgares. Doente com 25 anos, de idade, tinha uma enfermidade inflamatória. Depois do cirurgião o ter observado, e de ter sangrado o mesmo, melhorou um pouco, mas depois de ter andado à chuva, teve uma recaída. Entretanto, teve febre muito alta, a língua e a pele árida, sem evacuar há 3 dias. Para diminuir a febre e a secura, mandou o doente tomar evacuantes laxantes, tisanas diluentes e clisteres; todos os remédios num espaço de 3 dias.A dificuldade em respirar era cada vez maior. Tinha o pulso pequeno, a boca com mau cheiro e grande dificuldade em urinar. Mandou-o deitar horizontalmente. As extremidades inferiores estavam inchadas e a mão direita ainda estava mais inchada.Tendo em conta, a dificuldade em urinar e a sensibilidade do canal da uretra, não fez uso do vesicatório, prescrevendo-lhe, como bebida, cozimento de cevada grama e linhaça em grandes e frequentes doses. Com isto, a irritabilidade do canal foi diminuída e facilitou a saída da urina. No dia 23, receitou a ipecacuanha em doses de 6 grãos, e no dia 24, tomou mais algumas porções de ipecacuanha, o que fez com que tivesse náuseas.À meia noite, foi chamado porque, além da aflição de náusea, seguiu-se um grande vómito de pus e sangue, em quantidade de 20 onças, pouco mais ou menos. Mandou-o lavar a boca e gargarejar com vinagre e água. Dormiu 4 horas com mais sossego; não dormia há muitos dias. Mais tarde, ainda deitou algum pus e sangue; porém, em muito menos quantidade. Com isto, surgiu uma membrana, que lhe pareceu, tratar-se de um quisto da vómica.O doente não voltou a ter nenhuma evacuação superior, de pus ou sangue. Por aplicação efetuada de alguns brandos evacuantes, foi eliminado algum resto que poderia existir de moléstia. Gradualmente, foram desaparecendo todos os sintomas, que acompanhavam a referida vómica e o doente foi adquirindo forças, dado que, passados 8 dias, da saída da vómica, levantou-se.[Im. 3025_0005, 3025_0006, 3025_0007, 3025_0008, 3025_0009, 3025_0010 e 3025_0011]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75301http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75302http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75303http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75304http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75305http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75306http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75307Era a terceira vez, que a doente utilizava remédios tópicos, para secar o leite, por ocasião de três partos. No primeiro, teve grandes tumores, o que fez com que passasse muito mal; no segundo, teve dores vagas, designadas como dores reumáticas, e no terceiro, que era a origem da presente moléstia, teve, poucos dias depois da aplicação dos referidos remédios, frio e febres de que se tinha queixado, no princípio. Alguns dias depois, começou a sentir dores no peito, fastio e indigestões, não podendo tratar-se, foi sofrendo estes incómodos, sem compreender qual a causa deles. Pela informação dada pela doente, o médico decidiu designar a origem da doença, como sendo, o leite retido e deu o nome de tísica pulmonar lactosa. Os cáusticos continuaram a purgar, e no dia 17, mandou juntar ao cozimento peitoral, duas onças de Maná, para o fazer mais laxante […]. No dia 20, principiou a diminuir a expetoração, respirava melhor e o pulso mais forte e natural. A dor do peito passou a ser mais fina e menos extensa. Até ao dia 27, as melhoras foram progressivas, em virtude, da respiração estar natural e os restantes sintomas da mesma forma.Repentinamente, no dia 28, teve vários sintomas: febre, ansiedade, dispneia, dor no peito e tosse, e grande tensão no ventre. Prescreveu: soro de leite extraído, com cremor de tártaro, clisteres emolientes e que respirasse vapores de plantas emolientes […]. De tarde, surgiu uma erupção miliar que ocupou a cabeça e o peito. No dia 30, o corpo estava todo coberto com a mesma erupção. Só com a toma de soro de leite e clisteres, desapareceu a mencionada erupção.Por se terem passados 6 dias, em que as melhoras continuaram, a tal ponto, que o edema das mãos e pés estava terminado, já não sentia dor no peito, o pulso estava natural e todas as excreções eram regulares. Contudo, no dia 11 de agosto, as esperanças desapareceram, pois renovou-se a opressão, juntamente com a afeção de garganta, não conseguindo engolir. Prescreveu-lhe a dieta antecedente e mandou a doente gargarejar com cozimento de cevada, adoçado com xarope de limão. No dia seguinte, sofreu a mesma erupção miliar, com os mesmos sintomas. Prescreveu remédios diluentes e diaforéticos (conceito: relativo à diaforese, que produz suor; sudorífico), e durou, até ao dia 18; dia em que iniciou a limpeza de pele […]. Teve grandes melhoras. Estas continuaram progressivamente, até que, no dia 25, deixou de visitar a doente, por se encontrar absolutamente restabelecida. Acrescenta que, esta moléstia, no início, pareceu-lhe ser irremediável, mas desvaneceu-se, em tão pouco tempo, com tão leves remédios.[Im. 3025_0014, 3025_0015, 3025_0016, 3025_0017 e 3025_0018]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75310http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75311http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75312http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75313http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75314Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1804.[Im. 3025_0021]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75317Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3025.

Idioma e escrita

Português.