Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1801, n.º 12.

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Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1801, n.º 12.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0010

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1801, n.º 12.

Datas de produção

1801-01-01  a  1802 

Dimensão e suporte

1 liv. (10 f.: 10 f. ms. não num., 306 x 215 x 3 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1801, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando diversas situações clínicas, entre as quais, a de: José Cocho. Foi chamado a assisti-lo, no dia 18 de janeiro. Morador, em Cacilhas, 16 anos, de idade, vida exercitada. Havia adoecido há 3 dias, com febre e frio, devido a constipação que tinha apanhado, por andar transpirado, a trabalhar, na embarcação. No primeiro dia da doença, tomou um chá sudorífero, que fez com que suasse bastante, porém, a febre não baixou. Na primeira vez que o viu, tinha o pulso tão frequente, que passava de 130 pulsações, a língua árida e com grande crosta biliosa, a cara muito vermelha, o ventre meteorizado (conceito: ventre inchado, por efeito de gases nele acumulados) e tardo (conceito; vagaroso, lento). Devido aos sintomas atrás referidos, o médico pensou tratar-se de uma febre biliosa e, portanto, resolveu dar ao doente, uma mistura salina feita com a saturação do sal de Lorna, em vinagre destilado, a que juntou, o tártaro emético e água pura, de forma a dispor a matéria a evacuações, de que tanto indicava, havia necessidade.No dia seguinte, mandou que tomasse o tártaro emético em água, e tendo havido, no dia anterior, algumas dejeções alvinas (conceito: relativo ao baixo-ventre; intestinal), com o vomitório, lançou muita bílis, superior e inferiormente, com má cor e mau cheiro. Assim, prescreveu-lhe, para o quinto dia, e seguinte, ao emético, um cozimento de raiz de Almeirão, azedas, em que dissolvesse em duas libras deste, uma onça de polpa de tamarindos (conceito: fruto (vagem) dessa árvore, usado em farmácia (sobretudo pelas suas propriedades laxantes) e como condimento (na preparação de doces e molhos; tamarinho, tamarino), meia onça de sal de glauba [?], e adoçasse com xarope de ruibarbo, uma onça. No sétimo dia e ainda sob o tratamento daquele remédio, o pulso continuava muito frequente, mas já não era tão frequente, como antes, alguma coisa mole, a língua, com tendência a escura. Deste modo, receitou e prevendo a degeneração e o abatimento, o cozimento de quina composto e sanapismos. Do sétimo, para o oitavo dia, fez grande mudança: principiou o delírio, e intercadências no pulso, o abatimento aumentou […]. De imediato, mandou pôr-lhe vesicatórios nas pernas, renovar-lhe os sanapismos, ao cozimento de quina composto, juntou em cada porção, que tomava, que eram duas onças de 3 em 3 horas; meia onça de tintura de quina espirituosa e duas oitavas de tintura de Valeriana volátil. Contudo, não houve melhoria, porque os sintomas continuaram, até aumentaram. Além dos remédios já prescritos, receitou um elixir antifebril de Huxan [?], duas onças, com duas onças de Tulipo [?] Autoro [?] e uma onça de moscado, para tomar às colheres de hora a hora, e um forte cozimento de quina, marcela, em que juntasse, para duas libras, meia onça de Necoriana [?] e uma oitava de Alkali [?] volátil, para lhe darem três mezinhas, em cada dia. Depois de lhe darem estes remédios, a doença cedeu, e no décimo dia, estabeleceram-se as evacuações alvinas em grande abundância e diminuíram os subsultos dos Vendões [?], e as forças regressaram.Continuou com os mesmos remédios, até ao dia 13, em que já não existiam subsultos, as Petéquias desapareceram, a língua principiou a limpar-se, e o pulso a erigir-se. Cedeu à utilização do elixir, cânfora e morco [?]. […]. No dia 16, já tinha melhoras decisivas e só deixou o doente, com o uso de cozimento de quina composto, duas vezes ao dia, e suspendeu os clisteres. Com este remédio, o doente, até ao dia 23, restabeleceu-se, e nessa altura, mandou-o levantar-se. [Im. 3022_0005, 3022_0006, 3022_0007, 3022_0008 e 3022_0009]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75233http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75234http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75235http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75236http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75237No dia 20 de agosto, o médico foi ao Pragal, a casa de Domingos da Silva, trabalhador, ver a sua filha, de 27 anos, de idade, de natureza muito robusta, e vida bastante exercitada, dado que era lavadeira. Há 4 dias tinha adoecido. Estando a lavar, sentiu muitos arrepios de frio, por todo o corpo, depois febre, estando esta, até à noite. Refere que, desempenhava o seu trabalho de lavadeira, no Sítio da Romeira. À noite, quando veio para casa sentiu frio e dor, entre as últimas costelas, no lado esquerdo, que dificultava a respiração. Já tinha chamado um cirurgião que lhe receitou um purgante e óleo de amêndoas doces, com unguento de alteia, para fomentar o lugar da dor […]. Apesar da toma dos remédios, a doente encontrava-se pior da dor e da febre. Perante aqueles sintomas, o médico foi chamado e o estado em que a encontrou, foi o seguinte: tinha pulso frequente e pequeno, a língua muito seca e vermelha, com afta inflamatória, pelo meio; devido à dor, não se conseguia mexer e quando tossia, ficava com uma espécie de convulsão; expetoração com veios de sangue. Receitou uma fomentação de tintura de cantaridas, bem forte, no lugar da dor, e que terminando a fomentação, deviam pôr-lhe a massa cáustica, em cima, afim de abreviar o mais possível, o efeito do cáustico, e para tomar o cozimento das espécies peitorais, a que mandou juntar, em duas libras, duas onças de maná (conceito: suco resinoso e açucarado que encerra manitol e que escorre, espontaneamente ou por incisão, do tronco ou dos ramos de diferentes espécies de freixos e de outras árvores, sendo usado, para diferentes fins) e uma onça de polma de tamarindos. O cáustico, no fim de 3 horas, principiou a fazer flitena (conceito: bolha na pele que contém um líquido seroso, geralmente causada por queimadura), e, no fim de horas, cortou-se, porque a doente não podia, além da aflição da dor, sofrer o incómodo do cáustico. Assim que se curou, e sossegou do ardor do unguento, a doente sentiu diferença nas melhoras, relativamente à dor, em virtude de conseguir respirar e não sentia tanto incómodo, quando tossia. Continuou com o tratamento, dando à doente, um pleuris inflamatório, tendo pensado em mandar sangra-la, por causa da natureza e moléstia da doente; porém, como o tratamento ia no quarto dia e havia escarros sanguíneos e purulentos, compreendeu não estar no devido tempo e poderia surgir algum abatimento, em tempo, pois são necessárias todas as forças, e com auxilio, para a decorção [?] da matéria, e a explosão.Portanto, receitou-lhe o mesmo cozimento […], como expetorante; a moléstia seguiu a ordem natural, estabeleceu-se a expetoração purulenta, misturada com sangue e a evacuação inferior, na mesma ordem, não trazendo sangue. Só no oitavo dia, receitou o xarope de alhos, duas onças; xarope de diacódio, uma onça; oximel (conceito: bebida composta de água, vinagre e mel) selítico, uma onça, para tomar às colheres, porque diminuiu, um pouco, a expetoração.A natureza obedeceu a este uso; e a expetoração continuou da mesma forma. O cáustico teve grande descarga; continuaram as evacuações alvinas e a doente, por sorte, restabeleceu-se, dado que, no dia 15 de setembro deixou-a, por convalescente.[Im. 3022_0012, 3022_0013, 3022_0014, 3022_0015 e 3022_0016]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75240http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75241http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75242http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75243http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75244No dia 12 de novembro, visitou a casa de António José Calafate, morador, na vila, afim de ver o seu filho, 9 anos, de idade, que há meses, estava doente. Dois cirurgiões o haviam tratado. Um tratou-o como se fosse uma constipação e o segundo tratou-o, como se tratasse de sezões (conceito: febre intensa e intermitente). Quando tomou conta do menino, o que tinha, eram vermes. Tinha o pulso pequeno e frequente, todos os dias tinha acréscimo de febre, mas irregular, em horas e em extensão. Tinha as pupilas muito dilatadas, o ventre meteorizado, até tinha caído grande parte do cabelo, grande comichão no nariz, tinha muita vontade de comer e o ventre estava livre. Mandou que tomasse, todos os dias, 3 grãos de clamiolanos (?) de riverio (?), pela manhã, em jejum, e de tarde, mandou que tomasse uma infusão de hortelã. Este remédio não surtiu nenhum efeito. A seguir, usou de infusão de folhas de pessegueiro e das sementes de Alexandria e, no fim, tomou um purgante de infusão de sene tartarizada e com estes evacuou muitas fezes e algumas lombrigas.Continuou com o mesmo remédio mais 6 dias e, no fim, repetiu o purgante, e teve grande evacuação de vermes […]. Foi necessário parar com o uso destes remédios, porque se conservavam no estômago. Mandou-o vomitar com um seropulo de Ipecacuanha (conceito: planta de porte herbáceo ou subarbustivo, da família das Rubiáceas, nativa das florestas tropicais americanas, pode atingir cerca de 30 centímetros de altura e tem flores esbranquiçadas e frutos bacáceos vermelhos, sendo as raízes, com propriedades eméticas, antidisentéricas e anti-inflamatórias, utilizadas para fins terapêuticos; ipeca), dado em porções de 4 grãos […]. Saíram três lombrigas grandes, cada uma tinha mais de meio palmo [...]. Mandou-o tomar clisteres de aloé socotrino (?). Depois de ter iniciado a toma destes remédios, em conjunto, com os clisteres, começou a deitar quase todos os dias grande porção de vermes tão pequenos, que, a maior parte deles, não chegaram a ter meia polegada, e alguns teriam duas ou três linhas. Continuou com este tratamento durante 20 dias e, de cada vez, que saiam os vermes, o doente ia adquirindo forças e, ao mesmo tempo, diminuindo todos os sintomas. Com sorte, restabeleceu-se perfeitamente, até ao dia 11 de janeiro próximo, dia em que o deixou de visitar.[Im. 3022_0016, 3022_0017, 3022_0018, 3022_0019 e 3022_0020]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75244http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75245http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75246http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75247http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75248Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1801. [Im. 3022_0021]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75249Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3022.

Idioma e escrita

Português.