Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1796, n.º 7.

Ações disponíveis

Ações disponíveis ao leitor

Representação digital

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1796, n.º 7.

Consultar no telemóvel

Código QR do registo

Partilhar

 

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1796, n.º 7.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0005

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1796, n.º 7.

Datas de produção

1796-01-01  a  1797 

Dimensão e suporte

1 liv. (21 f.: 18 f. ms. não num. + 3 f. branco não num., 336 x 217 x 7 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

O médico José Joaquim Alvares afirma que, uma das obrigações do médico do partido da Câmara da vila de Almada, é relatar, através de um diário, todas as moléstias epidémicas, salientando quais as mais notáveis naquele ano, e os respetivos remédios, que, pela sua prática e observação serão os mais indicados. No fim, transmitir o sucesso para cada doença. Deve, ainda, acrescentar as observações meteorológicas no mesmo ano, dando destaque à atmosfera, ao calor, ao vento e à chuva, tendo, para os mesmos, os instrumentos próprios e exatos. O principal objetivo será dar a conhecer o clima da terra, o costume dos habitantes, as doenças a que mais habitualmente estão sujeitos e os remédios mais úteis. Neste sentido, o médico e, de acordo, com as obrigações a que está sujeito, dirá quais as moléstias, o tempo exato, os remédios receitados e o respetivo êxito, relacionando com o calor, o vento e a chuva, onde todos estes elementos constarão numa “tábua”, referindo ainda, com a maior exatidão que lhe for possível.Menciona que a primeira observação a constar, no referido diário, deverá ser a situação da vila, a qualidade da água, a alimentação e os lugares, onde surgem as epidemias; porém, o assunto está descrito, nos diários do médico antecessor: Dr. Gaspar Lopes Henriques de Chaves. [Im. 3017_0009 e 3017_0010]Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74769http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74771Conta que foi chamado, em 23 de março, para ver o Padre Amaro Pereira de Sousa, morador, na Quinta do Olho de Vidro, 76 anos, de idade, alto, magro e de pescoço comprido, tórax [?], goza de uma vida sedentária e muito desordenada, com exceção da alimentação que era muita, quer em qualidade, quer em quantidade, temperamento bilioso. Há muitos anos que sofria de sucessivos ataques no peito, acompanhados de dificuldade em respirar e rouquidão, o que, normalmente, acontecia de noite (depois da meia noite) e durava até de madrugada. Aquando da sua observação, reparou que tinha alguma dispneia, respiração sibilante, pulso muito pouco desigual, sem tosse, sem expetoração, alguma sede. De acordo com os sintomas apresentados e conforme teorias de alguns autores, designadamente, Hoyer, Rivier, Busqulhon, entre outros, caracterizou a doença como uma asma espasmódica. Mandou colocar o doente em posição própria, o tórax estava mais elevado que o abdómen, e mais baixo que a cabeça e que se mantivesse nesta posição. Receitou uma infusão de flor de sabugo, arruda e cerejas negras, adoçado com xarope de casca de laranja; para além disso, prescreveu clisteres laxantes. No dia 24, regressou, teve novo acesso, cheio com um visicatório no peito, receitou uma infusão de estromáticos brandos, com o auxílio de ópio, segundo a fórmula de Cintura Tebaica, com a autoridade de Wellis e Paul, e xarope de cidra. Melhorou após 5 dias. No dia 29 observou a respiração natural e pulso igual, podendo deitar-se para baixo e, por isso, livre de outro ataque. No mesmo dia, depois do jantar, dormiu a sesta, depois de acordado, subitamente teve outro ataque com grande pressão de respiração e no espaço de 5 minutos, morreu. [Im. 3017_3011, 3017_0012 e 3017_0013]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74772>http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74774http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74775No dia 3 de abril foi chamado, para ver Margarida Caetana, casada com Rodrigo José, moradores, em Cacilhas, 38 anos, de idade, após ter dado à luz, no dia 23 de março, no dia 28 levantou-se da cama e constipou-se. Quando a observou, achou-a febril, pulso 120 pulsações por minuto, a língua seca, com insónia e delírio. Prescreveu sanapismos. Noutro dia achou-a com o pulso fluente, muito abatida, tremor de extremidades e língua negra. Sintomas que conduzem ao diagnóstico de uma febre puerperal degenerada. [Im. 3017_0015]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74779>No dia 25 de abril foi ver Bernardo Lavre, de Mortassém, 50 anos, de idade, bastante gordo, temperamento bilioso, com febre e língua saburrosa, dores de cabeça, vontade de vomitar e fastio. Considerou ser uma febre gástrica. Receitou um evacuante de tártaro emético e por ser muito fácil vomitar, não tomou mais que um grão, com o que vomitou bastante bílis. No dia 27 não tomou mais que um leve diluente e no dia 28 repetiu, outra vez, o emético, com o qual evacuou superior e inferior [?] grande quantidade de saburra e bílis; a febre diminuiu, aumentando a vontade de comer e sem ser necessário dar mais remédios, restabeleceu-se.No dia 9 de maio viu Francisco de Salles, neto de José Pedro do Vale, assistente, em Almada, de 5 anos, de idade, tinha o pulso frequente, queixas de dor de cabeça e estômago, a língua saburrosa mas muito tenaz. Receitou um cozimento de raiz de almeirão, a que juntou uma oitava de sal alcalino saturado com sumo de limão, e por este meio foi atenuando o vício das próprias vias. No dia 11 do mesmo mês, deu-lhe um evacuante de tártaro emético, com o qual evacuou suficientemente; porém, e pelo motivo de ter lançado alguns vermes, ordenou que tomasse os clamolanos doses. Lançou inferiormente muitos vermes e sem lhe dar mais nenhum remédio, desvaneceu-se todos os sintomas do morto. [Im. 3017_0020, 3017_0021 e 3017_0022]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74787http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74788http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74790No dia 12 de outubro observou, no Pragal, Gregório José, marítimo, de 16 anos, de idade, temperamento bilioso, o qual, por se encontrar a bordo de uma nau fazia a comida para alguns oficiais e, por isso, exposto ao calor do lume e ao ar do mar e, por essa causa, apanhou uma constipação. O vício foi acumulando, o que necessariamente já devia existir; em razão dos maus alimentos que comia e do mau regime em que vivia; o novo vício foi-se formando em razão das más digestões feitas pelo afluxo de líquidos para o estômago, em contraposição à construção dos vasos periféricos e, por isso, originou uma febre com todos os sintomas de vício gástrico. Prescreveu um emético, com o qual vomitou mas como o vício estava muito tenaz, no dia seguinte usou uma mistura salina feita em cozimento de cevada e grama e com este se diluía e atenuou o vício. Depois de ter tomado 2 grãos [?] de tártaro emético, evacuou o suficiente e, mais tarde, tinha bastante febre; porém, estava numa grande prostração e sonolência.Em semelhantes moléstias, o abatimento é muito temível, daí que receitou uma onça de raiz de almeirão e meia onça de quina, para tomar 3 vezes ao dia. Continuou com este tratamento durante 4 dias, conseguindo achar-se melhor.No dia 1 de novembro foi chamado para observar Mariana Teodora, assistente, na Boca do Vento, 21 anos, de idade, que após ter dado à luz, no mesmo dia, e ainda antes do parto tinha um edema volumoso, ocasionado pela compressão do feto sobre os vasos dos artus [?] inferiores. Entretanto, constipou-se por se ter aberto uma janela. Suprimiram-se-lhe os lóquios, transpiração da periferia de todo o corpo, houve ansiedade, dificuldade em respirar e pulso muito frequente, embora muito pequeno e comprimido que dificultava o seu estado.Tendo, em conta, o estado da doente, o diagnóstico da moléstia é a supressão dos lóquios. Depois de banho tomado, nos pés, com água bem quente, e feito uma fricção forte, pela parte interna das coxas […], ordenou que a sangrassem.No dia 2 repetiram a sangria, com o que reduziram a ansiedade e a frequência da respiração e apareceram os lóquios. No entanto, como o volumoso edema estendeu-se ao ventre e passava rapidamente ao tórax, resolveu receitar um remédio diurético e evacuante […]. Depois do remédio dado, teve melhoras. Porém, no dia 6, de noite, porque foi necessário levantar-se da cama, repetiu nova constipação, com os mesmos sintomas da anterior, com exceção, do abatimento de forças da doente. Perante a situação clínica, a doente sofreu nova sangria; com a nova sangria experimentou algum alívio pois respirou com mais suavidade. Repetiram mais duas ventilações, com as quais se pôs a doente em estado de poder jazer de todo o modo. Entretanto, no presente estado, o médico recorreu novamente do remédio diurético e evacuante; do mesmo, tendo tomado durante alguns dias. Dessa forma, a natureza foi adquirindo forças que só por si, provocou o aumento da secreção que, então lhe tinha alcançado, pela indústria da arte. [Im. 3017_0029, 3017_0030, 3017_0031, 3017_0032, 3017_0033 e 3017_0034]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74801http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74803http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74805http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74807http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74808http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74810Termina, acrescentando que: "são estas as moléstias a que [?] merecem entrar neste diário, pois outras por vulgares e insignificantes, omiti". [Im. 3017_0039]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74817Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3017.

Idioma e escrita

Português.