Se gostas da tranquilidade que o Tejo proporciona não podes deixar de descer até ao Jardim do Rio.
Ali podes deixar-te hipnotizar pelo ondular suave das ondas, mirar a outra margem e apreciar as luminosidades de Lisboa.
Para aqui chegares podes deixar o carro nos estacionamentos de Cacilhas e vires andando através do Cais do Ginjal, desceres desde Almada Velha pelo Elevador da Boca do Vento. Neste caso, os vidros do elevador dão-te uma panorâmica original do Jardim do Rio, visto de cima. No Jardim, as pedras da calçada ziguezagueiam nas margens, sobem para a caleira das árvores e chegam ondulantes até à relva verde. Sobe até à escadaria isolada em frente ao elevador pousa os cotovelos sobre o muro e a cara sobre as mãos e escuta… sem pressas. Nos molhes de pedras há pescadores esperando pacientemente. Imóveis. De repente, das águas salta um peixe reluzente que reflete o sol. Sai o peixe, entra o novo engodo e o anzol volta a ser lançado lá para longe. Do outro lado a capital e os seus monumentos – a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimento, os Jerónimos, os torreões da Praça do Comércio, o Mosteiro de São Vicente de Fora, a cúpula do Panteão Nacional e da Basílica da Estrela... Desce as escadas. Mais à frente, 12 bancos de madeira voltados para a arriba ou para o rio sugerem-te nova paragem. E a relva, onde podes escorregar até mesmo à beira do Tejo. Retoma o passadiço de pedra riscada até a um varandim de metal que contorna a Praia das Lavadeiras, onde podes admirar a transparência das águas. Na Fonte da Pipa, recua alguns séculos. Este é o mais importante fontanário monumental do concelho e foi construído em 1736, por ordem de D. João V. Nela vinham abastecer-se de pipas de água doce as grandes embarcações que corriam o mundo, na época dos Descobrimentos. Mas aqui também se juntavam homens e mulheres, rapazes e raparigas, que carregavam a braços, ou ajudados pelos burros, a água até ao topo da vila. Trocavam-se notícias e mexericos, achavam-se motivos para encontros fortuitos. Mais tarde, em 1922, instalou-se um gerador elétrico para bombear água ou fornecer luz que permitia elevar o líquido precioso, rocha acima, até a um depósito no Seminário de S. Paulo, para depois alimentar por gravidade os fontanários da vila. Quando a Câmara Municipal de Almada promoveu a recuperação do Núcleo Histórico de Almada Velha, na década de 90, a zona da Fonte da Pipa foi novamente reabilitada, já como parte integrante do Jardim do Rio. |