Deixa-te envolver pelo imenso verde dentro da cidade. Descobre zonas de profundo silêncio urbano, onde se ouve apenas o som das aves, o vento e as cascatas de água. Admira a calmaria das árvores e toda a fauna e flora que circundam um lago cheio de vida.
Podes iniciar o passeiro pela entrada da Quinta do Chegadinho. Em frente ao parque de estacionamento, uma escadaria de acesso, em xisto e granito, serpenteando pela encosta acima até às duas oliveiras que te saúdam. A pedalar ou pelo próprio pé, goza dos caminhos tortuosos e desalinhados que o arquitecto Sidónio Pardal desenhou para ti. Vira à esquerda e segue o caminho, aproveitando para abrir os pulmões e apreciar o cheiro a campo que aqui se respira. Admira o voo periclitante das borboletas, a pose das aves no cocuruto das árvores e a corrida rápida de alguns répteis. Na zona central, uma imensa clareira verde, cercada pelas árvores mais adultas do Parque. Sobreiros, pinheiros e azinheiras estão em maioria e as suas sombras são das mais concorridas. Contorna este verde e desfruta aquele banquinho debaixo daquela árvore especial. Aí podes fazer a tua primeira paragem e ficar a apreciar o momento. Retoma a marcha e contorna a clareira para voltares quase ao ponto onde entraste. Vais encontrar um caminho empedrado, onde surge um espaço mais intimista, mais reservado, mas não menos verde e relaxante. Refugia-te aqui por uns minutos, aproveita as zonas de estadia, com ruínas, que se formam aqui e ali, em pedra e xisto, agora invadidas por arbustos coloridos e aromáticos, circundando aquela fonte, com três bicas, que se derramam sobre um espelho de água. Mas faz-te ao caminho para encontrares uma zona ainda mais fresca. Atravessa este esconderijo e vira à esquerda. Desce até a um cruzamento que te leva à grande descida do lago. Se o sol estiver impiedoso, aproveita aquele refúgio estratégico, debaixo de dois pinheiros enormes, onde o sol quase não penetra, para descansares um pouco. Se virares à direita neste cruzamento, encontras uma descida imensa, onde o vento vai soprar contra ti, deixando um zunido manso nos teus ouvidos. A cidade começa então a descobrir-se, quando contornas a curva e entras neste vale imenso. À medida que desces vais aperceber-te do voo dos patos, até avistares o enorme lago, onde todos eles se concentram, indiferentes à presença humana. Desce mais um pouco, até onde as águas escorrem, por debaixo de vários blocos compactos de granito. Aqui, o único ruído é o ressoar das águas, bem por debaixo de ti. Caso venhas ao fim da tarde, com o sol mais afável, o lago transforma-se num espelho prateado. Cruzando-o, patos e gansos de várias cores, tamanhos e idades. Semicerra os olhos, aprecia o cintilar do lago, ouve o eco das águas debaixo de ti. Aqui a Paz é tua. |